Carta aberta de yoguis e yoguinis do Brasil sobre as eleições 2018

Carta aberta de yoguis e yoguinis do Brasil sobre as eleições 2018

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14 de outubro de 2018
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Yoguis e yoguinis do Brasil
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A importância deste abaixo-assinado

Iniciado por Diego Mello

Caros amigos yoguis e yoguinis, namastê.

Yoga é a ciência da pacificação da mente e da revelação-manifestação do Ser. Seu propósito então envolve um caminho individual rumo ao autoconhecimento e a consequente auto-responsabilidade. Atuar para a paz no mundo interior e no mundo exterior é o papel de todos aqueles que se dedicam de alguma forma ao yoga.

Assim, desejamos expressar nossa opinião a respeito da atual situação política eleitoral e do possível destino eleito para o Brasil neste outubro de 2018, baseados sempre na filosofia do yoga.

Diante da grave situação de violência nessas eleições, que afronta o princípio de ahimsa, produzimos em conjunto um documento a favor da paz e das atitudes pacíficas , programas de governo mais pacifistas e do perfil que está mais próximo da não violência e da paz. Se você concorda, assine e ajude-nos a ganhar mais suporte compartilhando apenas entre aqueles que de fato abraçam ahimsa nesse momento político do Brasil.

 

Diversos textos de yoga (Yoga-Sutras, BhagavadGita, Hatha Yoga Pradipika) ensinam que verdadeiros yoguis e yoguinis praticam antes de tudo ahimsa, termo sânscrito que significa não-violência, em relação a si próprio, aos outros, à biosfera etc. Isso nos coloca necessariamente na posição de irmãos para abraçar uma política de paz, de amor, acolhimento, de inclusão, de respeito às diferenças, de defesa das liberdades. Nós necessariamente nos tornamos sensíveis, protetores e defensores dos seres e da vida. Sendo assim, temos o dever de nos posicionar em oposição a toda e qualquer ação ou indivíduo que propague a violência, o ódio, a discriminação, a segregação, a misoginia, homofobia, ofensa, mentiras e o medo. De antemão, nos juntamos às demais vozes pacifistas que gritam em alto e bom som no mundo #EleNão.

 Se você quiser conhecer os motivos que embasam nossa decisão, continue lendo.

Vamos refletir um pouco sobre alguns pontos ensinados nos textos do yoga e por seus expoentes para situar nossa atual perspectiva.

É bem verdade que a prática do yoga só começa quando estamos preparados. No entanto, diante da visão moderna da prática, basta que encontremos uma escola e façamos nossa matrícula. Aqueles que permanecem na prática por mais algum tempo podem perceber que o yoga vai muito além do tapete, das posturas e de respirações enigmáticas. A prática de yoga, como disse Sri Aurobindo, é a vida inteira. Disso não se exclui absolutamente nada, nem as questões políticas. Ele mesmo foi um ativista político a favor da independência dos grilhões do Reino Unido, tendo sido encarcerado por um ano. Durante o seu recolhimento, de cerca de 25 anos, ele saiu apenas duas vezes publicamente, as duas foram para dizer de sua preocupação com líderes políticos que estavam em ascensão, na primeira foi sobre um governador do estado em que ele viveu, e a segunda foi para afirmar que se Hitler obtivesse a vitória, o mundo retornaria a uma era de trevas. Ele nos sinalizou assim que devemos agir e nos posicionar.  Isso faz de nós ATIVISTAS SIM, MAS DA PAZ!

Tendo isso em vista, observamos que há um anseio da população pela condenação de políticos corruptos e por uma nova administração do nosso país. Disso não discordamos. No entanto, como diz a Mãe Mirra Alfassa, não devemos nos concentrar no obstáculo, pois isso o fortalece. Entendemos então, que não deveríamos alimentar a ideia de que o problema todo habita fora. Ou a de que nós já temos a visão correta e perfeita para decidir o que é melhor para o Brasil. Uma postura ampla que acolha diferentes pontos de vista e ainda uma autocrítica constante são fundamentais nesse momento se queremos paz, fraternidade e sobretudo mudança.

Recorremos então a sabedoria de S.S. Dalai Lama, que nos oferta seu pensamento após décadas de sofrimento pela repressão chinesa em seu país natal, o Tibete. Ele diz: “meu inimigo é a estreiteza de visão”. Mas o que será que ele quer dizer com isso? Podemos deduzir que o inimigo não pode ser uma pessoa, partido, ideia, ou algo objetivo, mas algo subjetivo, embora não seja pessoal.

O sábio Patañjali que decodificou o yoga em sutras (aforismos) nos ajuda a entender melhor. Ele ensina que nossa mente é naturalmente transparente, cristalina, mas ela passa a se identificar com as experiências que ela reflete, como a experiência do entendimento correto. O entendimento correto é aquilo que somos levados a acreditar por meio da percepção dos nossos sentidos, da nossa lógica, dos nossos pressupostos etc. causando a tal “estreiteza de visão.” Assim acreditamos, por meio disso, sermos os possuidores da verdade e essa crença nos impede de ver a realidade da mente cristalina.

Na prática isso surge como acusação do lado oposto (fascista, comunista, alienado etc.) e na autoglorificação (liberal, popular, patriota, herói, mito etc.) e mais, na crença de que há dois lados extremos na situação. Mais uma vez recorremos ao Nobel da Paz, S.S. Dalai Lama que diz que todos nós temos o mesmo objetivo, o de sermos felizes e de nos afastarmos do sofrimento. Por que então estamos vivenciando um conflito social, que chega ao ponto de tirar a vida do outro por causa de sua visão política?

Chegamos então ao ponto crucial. Para a boa convivência na sociedade, cultivando a tranquilidade de nossas mentes, Patañjali traz um conjunto de preceitos éticos, chamados yamas que são qualificados como universais e atemporais. São eles:

Ahimsa - não violência
Satya - verdade
Asteya - não roubar
Brahmacarya - respeito à natureza
Aparigraha - desapego


Dos cinco pontos acima, o primeiro é colocado como fundamental. Ahimsa significa evitar qualquer tipo de violência, seja em pensamento, fala, emoção ou corpo. Seu contrário, violência, é um sintoma do medo e da auto repressão. Portanto ahimsa inclui compaixão, que é o desejo de que os outros se libertem do sofrimento.

Os quatro preceitos seguintes são a este submetidos, por exemplo, a verdade só deve ser manifestada se tiver como resultado menos violência.

Mas por que toda essa reflexão? Sabemos que os políticos não são yoguis, e nós estamos apenas começando a seguir nessa jornada. No entanto desponta nas eleições presidenciais um candidato que tem incentivado a violência repetidamente e propagado:

O distrato do estatuto do desarmamento;
A volta dos militares ao poder com a apologia a tortura e a ditadura militar;
O fim do ativismo o que é semelhante a supressão das liberdades individuais,
A homofobia ou a ‘cura gay’ como reflexo de homofobia;
A discriminação das mulheres.

Por fim, não estamos aqui para fazer a defesa de sua oposição, mas para destacar como o yoga pode olhar e responder a essa realidade. Entendemos portanto, que de acordo com o que nos ensina o yoga, não podemos apoiar quaisquer atitudes que se coloquem de diametralmente contrárias aos preceitos éticos que guiam a vida de yoga.

Que a Paz se manifeste em todos e em tudo

Oṁ Śantiḥ śantiḥ śantiḥ

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